Dioneide, que era comerciante, saiu de Parintins (a 325 quilômetros de Manaus) no dia 29 de agosto, veio para Manaus e daqui seguiu para a Venezuela com duas amigas, de carro, para realizar ao menos seis cirurgias plásticas, entre elas implantação de próteses mamárias, abdominoplastia e lispoaspiração. A suspeita é de que este último procedimento tenha causado as complicações na amazonense, que ficou em coma por cerca de 10 dias. A suspeita da família é de que, durante a lipo, o pulmão de Dioneide tenha sido perfurado.
Dioneide participava de grupos nas redes sociais onde especialistas venezuelanos influenciam as mulheres a viajarem até o país vizinho para realizar o procedimento, que é mais barato que no Brasil.
Segundo pessoas próximas a comerciante, o médico responsável pela cirurgia seria o venezuelano Oscar Hurtado, que nas redes sociais também se identifica como cirurgião geral, cirurgião oncológico, cirurgião estético e mastologista.
No Facebook, vários amigos da comerciante se manifestaram durante os dias em que ela apresentou complicações no pós-operatório. No dia 5 de setembro, a amiga Lidiane Barros postou a frase “você vai sair dessa”, para encorajar a amiga.
No dia 9, Manilda da Silva fez outra postagem de consolo a comerciante. “Sobre a sua casa está as mãos do Senhor. Seja forte”, disse. Outra postagem que chamou a atenção foi realizada no último sábado (10), onde um outro amigo publicou uma foto de um venezuelano doando sangue para a parintinense, o que pode indicar que o quadro dela já havia se agravado.
A CRÍTICA entrou em contato com o Consulado Brasileiro em Caracas, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria. O Itamaraty, em Brasília, também foi procurado, mas sem sucesso.
“Turismo da beleza”
Não é de hoje que o “turismo da beleza” atrai dezenas de brasileiras, principalmente do Norte do País, para realizar procedimentos estéticos em países vizinhos como a Venezuela.
Em abril deste ano, a representantes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estiveram em Manaus para denunciar clínicas de estéticas e salões de beleza na capital que atuavam como “agenciadores” de brasileiros interessados em fazer esse tipo de procedimento no país vizinho.
O cirurgião plástico Euler Ribeiro Filho lamentou o ocorrido com a amazonense e afirmou que a maioria das pacientes que vêm da Venezuela apresentam complicações no pós-operatório. “99,9% das pacientes que vêm de lá apresentam complicações porque o procedimento não é bem feito e isso é muito preocupante”, alertou o médico, ao afirmar que o Brasil é o 2º país do mundo a realizar o maior número de cirurgias plásticas.
Ainda de acordo com o médico Euler Ribeiro Filho, as pacientes que desejam realizam qualquer procedimento estético devem se preocupar em verificar qualificação do profissional, para não se expôr a riscos como o que Dioneide passou. “O barato pode sair caro e no Brasil temos os melhores especialistas, enquanto na Venezuela não há tradição alguma”, disse.
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