Os dados são do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias
(Infopen) e foram divulgados nesta segunda-feira (25) pelo Departamento
Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça.
Com o total de 622.202 pessoas privadas de liberdade, o Brasil tem a
quarta maior população penitenciária do mundo, atrás dos Estados Unidos
(2,2 milhões, ano de referência 2013), China (1,65 milhão, ano de
referência 2014) e Rússia (644.237, ano de referência 2015). O Brasil
tem déficit de 250.318 vagas, de acordo com o levantamento.
O diretor-geral do Depen, Renato De Vitto, disse que o crescimento
constante da população carcerária no Brasil preocupa e cita que, em 25
anos, o número de pessoas privadas de liberdade saltou de 90 mil para
622 mil.
Segundo De Vitto, é preciso combinar medidas como políticas de
educação e trabalho e penas alternativas para buscar a redução. “A taxa
de encarceramento no Brasil tem crescido de forma anômala em relação ao
que vem ocorrendo nos países que mais prendem no mundo.” De acordo com o
diretor-geral, apenas o encarceramento como política de segurança não
resulta na redução das taxas de criminalidade. “Se não cuidarmos desse
aumento expressivo da população prisional, qualquer arranjo de gestão
pode parecer insuficiente”, acrescentou.
O relatório aponta que, se considerado o número de pessoas que
entraram no sistema penitenciário nacional e deixaram a prisão ao longo
de 2014, pelo menos 1 milhão de brasileiros passaram por encarceramento
no período.
Presos provisórios
Em todos os estados brasileiros, há presos aguardando julgamento há
mais de 90 dias, prazo tido como o minimamente razoável para que o
detento conheça sua sentença. O Espírito Santo tem o maior percentual de
presos nessa situação, 97%, e Distrito Federal, o menor, 1%.
“Dessas pessoas que ficam presas provisoriamente, 37% delas, quando
são sentenciadas, são soltas. Ou seja, mais de um terço das pessoas que
ficam presas provisoriamente não recebem uma pena de prisão, aquela
medida é cautelar. Isso indica que temos de fato um excessivo uso da
prisão provisória no Brasil”, disse o diretor-geral do Depen.
Perfil dos presos
Os dados do levantamento mostram que 61,6% dos presos são negros, 75%
têm até o ensino fundamental completo e 55% têm entre 18 e 29 anos.
Vinte e oito por cento respondiam ou foram condenados pelo crime de
tráfico de drogas, 25% por roubo, 13% por furto e 10% por homicídio.
O ritmo de crescimento da taxa de mulheres presas na população
brasileira chama a atenção, de acordo com o relatório. De 2005 a 2014,
essa taxa cresceu numa média de 10,7% ao ano. Em termos absolutos, a
população feminina aumentou de 12.925 presas em 2005 para 33.793 em
2014. O tráfico de drogas (64%) foi o crime que mais motivou a prisão de
mulheres, seguido por roubo (10%) e furto (9%).
O levantamento indica que apenas 13% dos presos têm alguma atividade
educacional e 20% trabalham. Pela primeira vez, foi calculada a
remuneração: 38% dos presos que trabalham não recebem pagamento e 37%
ganham menos do que três quartos do salário mínimo, que é o patamar
mínimo estabelecido pela lei.
Da Agência Brasil
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