Nove pessoas foram presas na segunda fase da operação Amazônia Legal,
deflagrada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (3), em Belém, Marabá,
Rondon do Pará e Goianésia. A ação desarticulou uma quadrilha que usava
hackers para fraudar o sistema de créditos florestais do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no
Estado.
Dos 11 mandados de prisão expedidos pela justiça, nove foram
cumpridos hoje. Entre os presos estão um funcionário do Ibama e donos de
madeireiras. Segundo a delegada Juliana Cavalcante, da Divisão
Especializada em Meio Ambiente (Dema), o servidor Wenderson de Amador
burlava o sistema do Ibama e desbloqueava empresas que estavam suspensas
do sistema de concessão de crédito florestal.
Em outra "frente de trabalho" crackers - os chamados hackers que
cometem crimes - exploravam uma vulnerabilidade no sistema de
informações do instituto e também removiam madeireiras da suspensão de
créditos. A delegada explicou que o Ibama identificou grande
movimentação de crédito florestal no último mês, além de ter detectado
que 23 empresas até então suspensas estavam ativas no sistema.
As madeireiras foram novamente bloqueadas e a polícia passou a
investigar o esquema, que desviou R$ 13 milhões. As prisões de hoje
foram efetuadas na capital e no interior. Os presos do interior foram
transferidos para Belém, onde ficarão presos à disposição da justiça.
O funcionário do Ibama responderá por interceptação telemática não
autorizada, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, organização
criminosa e falsidade ideológica. Os madeireiros presos responderão por
falsidade ideológica e organização criminosa.
Nova quadrilha, mesmo método
Na primeira fase da operação, realizada em agosto do ano passado, 15
pessoas foram presas por fraude no sistema de crédito florestal no Pará.
Na época, a quadrilha presa usou o mesmo método para explorar as
vulnerabilidades do sistema do Ibama. Um cracker instalou um programa e
conseguiu roubar as senha dos superintendentes regionais do Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis) em Belém e Marabá no sistema.
O golpe possibilitou o desbloqueio de 23 empresas que tinham créditos
no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais
(Sisflora), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(Semas), e no Sistema de Controle Florestal (Sisdof) do Ibama. Os
desbloqueios das empresas ocorreram em 9 de fevereiro e em 25 e 30 de
março de 2015. Com a liberação, os créditos foram comercializados para
aproximadamente 50 outras empresas do Pará e de outros estados.
A primeira investigação começou após a morte de um dos envolvidos no
esquema em fevereiro do ano passado em Uruará. A partir dos registros do
celular da vítima foi possível identificar os donos de empresas
fantasmas que comercializavam créditos de madeira e que buscavam o
desbloqueio no sistema florestal.
Ananias Alex Silva dos Santos era empresário do ramo madeireiro e
atuava como “papeleiro”, responsável por realizar transações ilegais com
diversos outros “papeleiros”, que também vendiam créditos para
“esquentar” madeira obtida de áreas que não podem ser defloradas.
As investigações apontaram que Alex providenciou o desbloqueio das
empresas por meio de Josiel Borghi Paulo, morador de Goianésia do Pará, o
qual foi o responsável por contratar o cracker para invadir o sistema e
clonar também a senha do superintendente regional do Ibama do Rio
Grande do Sul.Redação ORM News com informações de Bruna Lima (O Liberal)

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