segunda-feira, 2 de maio de 2016

SSP-AM suspeita de venda de armas da polícia para bandidos

Investigações da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) buscam identificar de que forma armas que deveriam ser usadas pelas forças de segurança estão indo parar nas mãos de criminosos. Uma análise feita pelo Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) em 111 pistolas apreendidas com suspeitos de diversos tipos de crimes, entre os meses de novembro do ano passado e março deste ano, constatou que 60 armas pertencem à Polícia Militar (PM). De acordo com o secretário Sergio Fontes, há suspeitas de que o armamento esteja sendo desviado e vendido aos bandidos por pessoas ligadas às instituições de segurança, incluindo servidores públicos.

O secretário explicou que a SSP-AM solicitou do Departamento de Polícia Técnico-Científica a elaboração de um relatório, depois de ter constatado um aumento significativo no número de apreensões de pistolas que deveriam estar nas mãos das polícias, mas, na verdade, estavam sendo usadas por criminosos. Ao todo, foram periciadas 111 pistolas, entre calibres 840 e 9 milímetros.

Conforme constatado pelas análises, mais da metade das 111 pistolas pertencem à Polícia Militar. As demais não foram identificadas para quem estavam disponibilizadas. “Sabemos que algumas podem ter sido furtadas em determinadas circunstâncias, outras roubadas, perdidas, mas também temos informações de que podem ter sido desviadas e vendidas para criminosos e é isso que queremos descobrir: como elas foram parar na mão da criminalidade”, disse Fontes.

Sem respostas

Na última quinta-feira, policiais da Força Tática apreenderam uma pistola, modelo 840, calibre .40, com quatro homens, no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus. De acordo com informações do tenente Petrônio Taketoni, a arma estava com as numerações externas raspadas, mas foi possível identificar a numeração grafada na parte interna como SET 76196, que, segundo ele, pertence à PM.

Conforme Boletim de Ocorrência (BO) registrado no 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP), a mesma pistola com numeração SET 76196 havia sido apreendida, no último dia 14, no Parque São Pedro, na zona oeste de Manaus. A arma, como consta na requisição de perícia emitida pelo 20º DIP, foi encaminhada ao Instituto de Criminalística, no dia 15, ou seja, um dia após a apreensão.

A equipe de reportagem tentou contato, por telefone, na última sexta-feira, com o diretor do DPTC, Jefferson Mendes, para saber se a pistola SET 76196, apreendida pela Força Tática, havia sido envidada pela instituição para algum outro órgão. No primeiro contato, ele informou que estava em reunião e, após isso, não atendeu mais as ligações.

No dia 20 de abril, uma outra pistola, calibre .40, com número de Série SFN 45758, também pertencente à PM, foi apreendida por policiais da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam). A arma foi localizada com três suspeitos, no bairro Compensa, zona oeste. Consta, no site do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), que essa mesma arma havia sido enviada ao tribunal, em novembro de 2013, como peça de processo.

Questionada pela equipe de  reportagem, na última segunda-feira, sobre o assunto, a assessoria do TJAM não soube informar, até este domingo (1), se a pistola havia sido ou não devolvida à polícia. A assessoria de imprensa da PM, por sua vez, não informou se a corporação havia recebido a arma do TJAM. Informou apenas que a Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) abriu um inquérito para apurar o fato.

Coronel diz que PM não está isenta de culpa

Uma pistola 840, calibre . 40, com número de série SDZ20999, foi apreendida, duas vezes, no período de quatro meses, entre novembro de 2014 e fevereiro de 2015, com criminosos presos, em Manaus, conforme documentos disponíveis no site do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). À época, o então comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Gilberto Gouvêa, disse que a PM tinha instaurado vários processos para investigar a suspeita de desvio de armas praticado pela própria corporação.

O atual comandante da PM, coronel James Frota, disse que a PM não está isenta da culpa pelo desaparecimento das armas. De acordo com ele, para cada arma extraviada, é instaurado processo disciplinar para investigar de que forma ela desapareceu. Ele não soube informar quantos processos dessa natureza estão tramitando ou quantas armas da corporação estão perdidas.

Conforme dados da SSP-AM, de janeiro a março deste ano, 182 armas foram apreendidas, contra 133, em 2015, um aumento de 37% no número de apreensões. De acordo com o secretário da SSP-AM, Sérgio Fontes, a apreensão de armas é fundamental para a redução de crimes violentos, como assaltos. As armas também são usadas para ‘proteção’ das bocas de fumo.FONTE: D24am

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